ARREPENDIMENTO E REPARAÇÃO
O arrependimento sincero constitui elevada conquista do sentimento humano.
Amadurecimento da razão e da emoção, ele surge após a análise do erro, com a consequente descoberta da falha pessoal no julgamento, na atitude e na conduta em relação a outrem.
O indivíduo, certamente, tem o direito de errar, condição normal da sua humanidade. Prosseguir, porém, no comportamento insano ou danoso, significa primitivismo, permanência no estágio do instinto. À medida que o discernimento propele o ser à visão correta sobre a vida, o arrependimento aparece como forma de conscientização e de responsabilidade.
O arrependimento, no entanto, não irrompe abruptamente nos sentimentos de quem delinque. Quando isto sucede, pode caracterizar-se como remorso, que logo passa, ou medo das consequências do gesto pernicioso.
A imprevidência, a imaturidade, a rebeldia conduzem ao crime, pela falta de reflexão, pelos efeitos do orgulho ferido, produzindo estados mentais de desequilíbrio e de aturdimento.
Somente quando a consciência desperta, e sopesa os danos causados, é que o arrependimento honesto toma corpo e domina, buscando meios para a reparação dos males que foram praticados.
Por si mesmo, embora seja um passo significativo na elevação do caráter, o arrependimento não basta. Faz-se inadiável o dever de ressarcir os prejuízos, de reparar os males praticados.
Se o ofendido, por esta ou aquela circunstância, não conceder ensejo para a reparação, isto não deve constituir impedimento para as ações nobres, que devem tomar curso, se não em referência à vítima, pelo menos em favor das demais pessoas, fortalecendo-as no bem, edificando-as, ajudando-as a crescer.
Simão Pedro negou conhecer Jesus, é verdade. Porém, arrependendo-se, entregoulhe toda a existência a partir daquele momento, tornando-se um pilar de segurança para o erguimento da igreja da revelação espiritual.
Maria de Madalena vivia na luxúria e na licenciosidade, cercada de loucuras e paixões. Conhecendo o Mestre, arrependeu-se, renovando-se, e reparou, tomada pela lepra, os males que se fizera a si mesma.
Zaqueu, o cobrador de impostos, escorchava as suas vítimas com taxas altas. Arrependendo-se, após o contato com o Senhor, recuperou-se, tornando-se exemplo de abnegação e de bondade.
Judas Iscariotes, após trair o Amigo, arrependeu-se e, sem estrutura moral, enlouqueceu, arrojando-se ao suicídio infame…
Muitos homens e mulheres que se celebrizaram, erraram, padeceram os espículos do arrependimento, mas se ergueram, repararam os prejuízos causados e dignificaram a Humanidade.
Há corações cujos enganos são tão graves que, ao descobrirem a terrível insensatez em que vivem arrependem-se. No entanto, destituídos de equilíbrio emocional mergulham no sentimento exacerbado e perturbam-se mentalmente, por fragilidade espiritual.
Somente através da meditação diária dos atos praticados é que o indivíduo se pode precatar das ações infelizes, e, quando alguma ocorrer, de imediato dando-se conta e arrependendo-se, logo se põe a repará-la, impedindo que as labaredas do ódio devorem as possibilidades de rearmonização interior.
Cuida-te de tomar atitudes violentas, irrefletidas, impondo-te as disciplinas da vigilância e do amor, para assim te poupares ao arrependimento doloroso.
Renova-te no bem a cada momento, de forma que a tentação da agressividade e os vícios morais comprometedores sejam enfrentados e vencidos propiciando-te uma vida harmônica, uma caminhada saudável. Todavia, se caíres, examina a gravidade do erro, arrepende-te e repara-o junto àquele a quem magoaste ou esqueceste de amar.
O arrependimento é luz na consciência. A reparação é a consciência do dever em ação.
Fonte: Desperte e seja feliz – Divaldo P. Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis.




